sábado, 5 de julho de 2014

Quando o domingo nos acomete sábado



“Meu ser é nebulosa de contrastes
dos mundos submersos de onde eu vim”
Cely Vilhena

Tempo I
- “Você gosta de chorar”, me diz o outro.
Eu gosto.
Eu preciso.
Choro à toa e por qualquer motivo.
De alegria e de tristeza. De saudade e (des)encontro.
Um rio mora dentro de mim.
Verte pelos meus olhos, cansados.
Sou assim desde pequena.
Melancólica.
Tudo me afeta demais.
Haja lágrima pra escorrer.
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Tempo II

Reage! diz a cabeça
Só isso.
Volte a fazer planos.
Volte a ganhar algum dinheiro.
Arranje uma viagem. Para bem longe. Talvez o Acre?
Arrume a casa.
Pare de chorar.
Jogue I CHING.
Crie.
Faça algo.

Agora.

domingo, 29 de junho de 2014

E se passaram (quase) cinco anos

(Resgatando trechos do diário que escrevia, descubro quando nasceu a vontade dele virar uma obra.)

12 de outubro de 2009, segunda feira

Estou sozinha, desde ontem.

Pensei que conseguiria alguém pra me resgatar da minha solidão. Ninguém veio.

Acho que de fato me impus esses dias de tortura, porque quando estou com os outros estou partida, dividida.

Voltou a vontade de chorar em qualquer lugar e momento, difícil de controlar.

Ontem foi duro, duríssimo, como todos os domingos, amém.

O dia é tão pesado que eu deito com dor no corpo e tenho a sensação no dia seguinte de ressaca, sem ter bebido.

Mas hoje é feriado, dia de Nossa Senhora Aparecida, e pareço menos infeliz.

Resolvi limpar os vidros das janelas, depois de ter acendido uma vela pra minha imagem e rezado, pedindo pra dar conta da vida, pedindo proteção pros filhos, mãe, amigos, irmãos.

Os vidros deram um trabalho danado, como é difícil limpar os vidros! Mas já melhorou bastante.

Resolvi lavar roupas na máquina que comprei.

Voltei a pensar no apartamento como um lugar bom de se viver.

Menos aos domingos, dia em que gostaria de morar numa praia.

Talvez fosse melhor.

Eu odeio os domingos, nem sabia que tanto.

Vou almoçar sozinha de novo.

Tinha uma promessa de piscina, água, água...Mas não aconteceu.

Hoje, dia me que escrevo, é segunda.

Pensei em transformar esse diário em uma peça.

Poderia se chamar “O ano em que eu envelheci” ou “Domingo”.

Plantei manjericão, estou com fé que agora vai pegar.

Estou tomando um floral e um remédio homeopático pra me ajudar a ver as coisas com clareza.Mas clareza demais dá medo.


Estou fazendo bicicleta, por volta de 30 minutos por dia, mas nem todo dia eu consigo.